segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vencendo no deserto

“... mas deixaram-se levar da cobiça, no deserto, e tentaram a Deus na solidão. E ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a sua alma.” (Sl 106: 14,15)

Longe dos cuidados do Senhor nosso Deus ficamos vulneráveis quando passamos pelos desertos desta vida. Sem a assistência maravilhosa do Espírito Santo, agimos como Agar (Gen.21:19), que na sua angústia e desespero só enxergava a morte; quando a solução para a salvação de sua vida, e de seu filho estava diante de seus olhos.
Algumas vezes, quando as dificuldades são muitas, nossos olhos tendem a ser fechados pelas escamas do desespero. Movidos pelo desespero, somos induzidos a tomar o caminho que achamos mais rápido e mais conveniente aos nossos interesses. Isso nos leva a permitir a entrada do diabo em nosso raciocínio – apresentando decisões imediatistas – dando a ele autoridade sobre nosso emocional, nosso discernimento e finalmente sobre nossas ações.
Na ânsia de sairmos desta ou daquela situação desfavorável, ficamos fragilizados e tentados a resolver, nós mesmo os problemas. O tempo de Deus passa a ser demais para nós. Achamos que não conseguiremos suportar por muito mais tempo e começamos a nos sentir injustiçados, abandonados. Isso nos leva a tomar decisões impensadas e precipitadas.
Nosso adversário real – o diabo – vive de oportunidades. Tendo sido despossuído de tudo o que tinha, - pelo sacrifício da cruz – faz uso do que temos para usar contra nós mesmos. Vive ao nosso derredor, bramando como um leão, procurando uma oportunidade para agir. Sonda nossas atitudes, ouve nossas murmurações, se fortalece com nossas fraquezas e ataca.
O salmista Asafe declara (Sl. 73:2, 3) que quase foi vencido pelo espírito da inveja, – que leva a cobiça- porém foi salvo por ter entrado no santuário de Deus.
No desespero de que é tomado quando se encontra no deserto, o homem tem diante de si duas possibilidades: entregar-se e ser vencido pela natureza de um território totalmente hostil, ou aprofundar-se no conhecimento do caminho a ser percorrido, – tirando desse território todos os recursos necessários para sua resistência e sobrevivência - aprendendo a interagir com o meio ambiente e fortalecendo-se ao tirar proveito de todos os aspectos surgidos diante da situação enfrentada.
Nosso criador nos permite tomar decisões. Embora sendo Senhor, exerce sobre nós sua vontade soberana – inquestionável – e sua vontade permissiva – livre arbítrio -.
Tudo tem seu preço. A desobediência do primeiro casal lhes custou - e a nós - o dano da primeira morte. Levar consigo seu sobrinho Ló, custou a Abrão dissabores tremendos. A ociosidade do grande rei Davi lhe custou adultério e homicídio. Quando fazemos nossa vontade é porque não queremos nos submeter ao tempo de Deus. Agimos assim e por isso pagamos o preço.
Muitos de nós conseguem tudo ou quase tudo o que desejaram. Acumulamos o que chamamos de conquistas. Regozijamos-nos com nossa prosperidade e não nos cansamos de nos declarar como vencedores. Mas, a que custo? Deus até permitiu que nossos esforços e nossa vontade se realizassem. Mas, repito: a que preço?
O apóstolo Pedro registrou em sua primeira carta, no capítulo 1, versículo 9: “alcançando o fim da vossa fé, a salvação da alma.” Essa revelação maravilhosa deveria ser do conhecimento obrigatório de todo cristão. Qual o motivo da nossa fé; senão “agradar a Deus”?(Heb. 11:6) O que pensa o homem que agradaria mais a Deus do que o retorna da sua alma ao redil do sumo pastor e criador? A mansão no bairro mais nobre? Casa na praia, no campo? Automóveis luxuosos? Ser assistencialista? Dízimista e ofertante? O doutorado? A resposta está - como sempre - na própria palavra de Deus: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com teu Deus?”
Como nos foi revelado pelo Espírito Santo, se ainda temos o temor de Deus em nosso coração, a resposta só pode ser uma: andar com Deus. No deserto, enquanto o povo obedecia a Deus – através do que hes era revelado por Moisés – nada lhes faltava. João Batista andava com Deus; o deserto para ele era como um lar. Para o Senhor Jesus, o deserto era lugar de intima comunhão com O Pai; para fortalecer-se espiritualmente. Só o caminhante do deserto conhece o valor do Oasis. O nativo consegue tirar do deserto tudo que precisa para viver.
O deserto – aridez, hostilidades, sacrifícios, experiências tremendas – também é obra do Criador de todas as coisas. Isso nos conforta, porque entendemos que seus olhos estão também sobre esse terreno que exige tanto do homem. No deserto existem recursos inesgotáveis – conhecidos e ainda por se descobrir -. Pode haver morte ou riquezas no deserto. Uma vez no deserto, não se recua; avança-se. Cada passo dado adiante diminui a distância entre a morte e a vida – quando se caminha na direção certa -.
Uma vez no deserto, temos três opções: se olharmos ao nosso redor, imaginamos o que nos espera depois de tomarmos a decisão de retroceder ou avançar. Se olharmos para baixo, veremos um solo árido e ávido a nos consumir se formos dominados pela inércia. Porém, se olharmos para o alto, se pudermos ter olhos de ver, – pela fé - se tivermos ouvidos de ouvir, - ainda pela fé – saberemos então que não estamos sós. Então – Glória a Deus – se não estamos sós, se O Senhor é conosco, nós podemos passar pelo deserto. Podemos atravessá-lo, saindo dele fortalecidos e enriquecidos.

Deus abençoe.

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